Estudo
feito com empresas de todo país mostra que apenas 21,1% têm ações com apoio na
atenção primária e somente 36,7% desenvolvem programas voltados à saúde mental
de seus funcionários
A pandemia
do novo coronavírus trouxe um importante aprendizado às empresas: o quanto é
necessário fazer a gestão de dados sobre a saúde de seus colaboradores e o
quanto é importante desenvolver programas de prevenção às doenças e de promoção
à qualidade de vida de seus funcionários a fim de minimizar os afastamentos, o
absenteísmo, o controle de doenças crônicas e até mesmo para atender demandas de
fortalecimento de processos e gerenciamento de crises com mais êxito.
No
entanto, a pesquisa sobre saúde corporativa realizada na última quinzena de novembro
pela TM Jobs, com gestores de Saúde e Recursos Humanos de 155 empresas de todo
o país, mostrou que a maioria das organizações ainda atua de maneira reativa e
não preventiva em relação à saúde de seus colaboradores.
Quando
perguntado sobre possuir programas de promoção à saúde e prevenção às doenças,
apenas 21,1% das empresas respondentes disseram ter ações com apoio da atenção
primária, que, por definição do Ministério da Saúde, é fundamental na prevenção, promoção, cura e reabilitação dos indivíduos.
Também é a partir dela que o colaborador é direcionado a serviços
especializados para o cuidado quando necessário.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1979, a
atenção primária é a principal estratégia para o alcance da promoção e da
assistência à saúde e ao bem-estar das pessoas, inclusive dos trabalhadores. Além
disso, instituições que assumem seus princípios obtém melhores resultados e
aumento da eficiência do conjunto de ações dos programas de saúde.
A
maioria dos gestores respondentes ao estudo ainda informou que suas
organizações se apoiam na medicina do Trabalho (71,1%), na oferta de convênios
médicos (67,8%) e em saúde ocupacional (64,4%) para promover os cuidados com a
saúde de seus colaboradores, o que mostra que poucas empresas possuem projetos
integrados de prevenção às doenças e programas de qualidade vida.
De
acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cuidar da saúde e do
bem-estar dos funcionários vai além de ofertar o benefício de um plano de saúde
e processos de segurança e melhorias nas condições de trabalho. Segundo a
entidade internacional, é preciso que as organizações ofereçam uma rede de
atenção integral à saúde do trabalhador, que o proteja, controle os danos à sua
vida, previna doenças e promova o seu bem-estar.
Ainda
58,9% das participantes do estudo disseram se apoiar na área de Recursos
Humanos em seus programas de promoção e prevenção às doenças aos colaboradores,
mostrando o quanto é importante um novo olhar para a gestão deste setor e o
quanto ele terá de se adaptar aos novos cenários. “O ano de 2020 mostrou que a
lista de desafios para os RHs é grande e os profissionais desta área vão
precisar de habilidades para conduzir situações que podem trazer grande impacto
às empresas”, destaca Tania Machado, CEO da TM Jobs e vice-presidente de Saúde
Corporativa da Associação Brasileira de Profissionais de Recursos Humanos
(ABPRH).
Ela
explica que a comunicação interna tem um papel extremamente importante nesse
processo e que o RH precisa estar alinhado e na mesma direção desta
interlocução para que possa gerar benefícios aos colaboradores e às empresas. O
estímulo à inovação para lidar com tantas mudanças é um desafio que o setor
terá que adotar, com valores mais humanos e com o engajamento dos colaboradores
no autocuidado.
“Algum
tempo atrás, saúde corporativa se
resumia a empresa contratar um plano de saúde e
disponibilizá-lo aos seus colaboradores. Hoje, o conceito ganhou novas perspectivas e
o RH precisa investir muito em propostas
educativas contínuas que estimulam a adoção de hábitos saudáveis”,
ressalta Tania, que afirma que a comunicação interna não é commodity
e a colaboração e a cooperação são fundamentais nesse novo normal. “As
organizações, o RH, os departamentos de marketing e a comunicação, medicina do Trabalho
e saúde ocupacional devem estar prontos para avançar e desempenhar o importante
papel de promotores dos cuidados e da qualidade de vida. A integração dessas
áreas faz toda a diferença, pois, atuando como agentes de mudança, irão recuperar
a confiança das pessoas no retorno ao trabalho, nas atividades cotidianas e na promoção
da saúde”, garante.
O
objetivo da pesquisa realizada pela TM Jobs, que contou com a participação em
sua maioria (78,8%) de grandes empresas (entre mil e 3 mil funcionários), com
filiais (68,8%), dos setores da construção civil, indústria, varejo, saúde,
serviços e outros, foi exatamente entender a cultura de saúde e bem-estar nas organizações
nacionais.
A
maioria dos gestores responderam ao questionário do estudo informou ter
controle sobre a sinistralidade (76,7%). O mesmo percentual (76,7) afirmou
controlar o absenteísmo.
Quando
questionado sobre uso de People Analytics – processo de coleta,
organização e análise de dados voltados para a gestão de pessoas em empresas, a
partir da ideia de big data, aplicando os preceitos do business
intelligence à área de RH – para suporte na gestão do seu colaborador,
61,1% disseram não fazer uso do método, conhecido como estratégia de
reconhecimento de que os trabalhadores são o mais valiosos recursos de uma empresa
e que, portanto, é necessário mensurar para entender o que os torna engajados,
produtivos e felizes no ambiente de trabalho, segundo a McKinsey & Company,
consultoria empresarial americana.
Além disso, 57,8% das empresas que possuem ferramentas de
gerenciamento sobre os colaboradores não possuem informações que direcionam
para a captação de dados de saúde.
Sobre ter programas de teleatendimento e telemonitoramento
com profissionais de saúde, a maioria dos respondentes (66,7%) afirmou possuir
a presença desses agentes nas organizações. No entanto, 58,9% disseram que não
existe integração de projetos de saúde entre as áreas da empresa.
Mais atenção à saúde mental
Segundo a OMS, mais de 18 milhões de brasileiros sofrem de
ansiedade; e de acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, os
transtornos psicológicos são a terceira maior causa de afastamento dos
colaboradores nas empresas ao solicitarem o auxílio-doença pelo Instituto
Nacional de Seguro Social (INSS). Em um contexto de tamanha tensão, ainda mais
com a pandemia, acredita-se que as organizações estão alertas sobre este
problemas e estão buscando ações para impedir e/ou minimizar que esses
distúrbios emocionais evoluam para uma depressão.
Mas, a pesquisa da TM Jobs mostrou que ainda falta
efetividade por parte das empresas quando o assunto é saúde mental.
Quando questionado aos gestores
que participaram do estudo se a instituição possui um plano estratégico de bem-estar
que inclui programas de saúde mental, apenas 36,7% disseram que sim. Número
muito próximo dos que afirmaram ter ações em prol das doenças crônicas (37,8%).
A maioria das respondentes
(68,9%) ainda disseram não possuir área de descompressão e atendimento
psicológico e psiquiátrico e 50% não tem parceria com academias e prática de
ginástica laboral.
Programas de sobrepeso (25,6%),
de diabetes (24,4%), de controle de pressão arterial e AVC (21,1%) e de
natalidade (18,9%) também estão pouco presentes no plano estratégico das organizações.
31,1% disseram não ter nenhuma ação específica de saúde e 48,9% tem programas
de promoção e prevenção não específicos.
A presença ou ausência dessas
ações mostram a cultura das organizações e o diagnóstico do nível da abordagem
sobre a saúde na seleção, integração, admissão e demais processos que envolvem
os colaboradores.
Isso fica evidenciado quando na
integração do colaborador existe a apresentação de gestão de saúde colaborador
apenas para 26,7% das instituições participantes do estudo e empoderamento do
funcionário no autocuidado acontece em apenas 14,4% das empresas.
E quando perguntado a nota que o
gestor de Saúde e de RH daria à sua organização em relação à promoção em saúde
e prevenção de doenças 22,2% deram nota 7, a maioria dos respondentes. Para
15,6%, as notas dadas foram 6 e 8; 8,9% deram nota 5; 7,8% foi o percentual
para as notas 9 e 2, assim como 6,7% para as pontuações 10 e 4. Nota 3 foi dada
por 5,6% dos que participaram da pesquisa e 3,3% deram 0 para sua empresa.
Para a CEO da TM Jobs, uma forma de
mudar este cenário é a criação de Grupos de Melhoria de Saúde Continua (GMSC)
para auxiliar a no desenvolvimento de ações que identifiquem ameaças,
problemas, oportunidades e traga inovação e estratégias para medir e mensurar
os resultados.
Tania
Machado também afirma que a comunicação em saúde corporativa é fundamental, acessível
e eficiente, assim como ações preventivas em relação aos cuidados com a saúde,
pois gera resultados duradouros e reputação de confiança.
As vantagens trazidas às organizações essas
medidas são diversas: melhora da saúde física e mental
e da energia do colaborador; aumento do nível de satisfação; melhora no desempenho
e no clima organizacional; redução do estresse dos funcionários e pressão, da
incidência de acidentes de trabalho, do o absenteísmo, dos atrasos, dos custos
com doenças e seguro saúde, da taxa de erros operacionais e retrabalho e de turnover
(alta rotatividade de funcionários). “A saúde dos colaboradores impacta diretamente na motivação, no
rendimento e na produtividade da empresa, e sempre é melhor prevenir do
que remediar”, garante Tania.
Sobre a TM Jobs
A TM Jobs é empresa especializada
em consultoria no segmento saúde, que possui duas plataformas importantes de
conexão: o Business Club Healthcare, com encontros periódicos presenciais
atuando por todo o Brasil, e o Programa Valor em Saúde, canal no Youtube e
Spotify. O BCH (Business Club Healthcare) é uma completa rede de
relacionamento com tomadores de decisão do setor da saúde (CEOs, consultores,
CMOs, Suppy Chain, CFOs, engenharia clínica, CIOs, farmacêutica, hotelaria, RH
e OSS – Organização Social de Saúde) que, por meio de alianças importantes
entre consultores, anfitriões, especialistas, entidades, instituições e
apoiadores, formam uma agregadora rede de conhecimento. Também promove o
desenvolvimento do setor healthcare por meio de encontros periódicos
para Comunidades BCH: CEOs, consultores, CMOs, Supply Chain, CFOs, engenharia
clínica, CIOs, farmacêutica, hotelaria e RH.