Instituto Horas da Vida em nove anos de atuação impactou de 1.452.000 pessoas

Organização sem fins lucrativos atua oferecendo atendimento de 12 especialidades que apresentam maior demanda no sistema único de saúde afim de contribuir com a redução das filas em atenção primária

O Instituto Horas da Vida completou nove anos em setembro e atingiu o marco de 1.452.000  pessoas impactadas, que receberam benefícios de forma direta e indireta como consultas, exames, doações de óculos, cestas básicas,  EPIS etc. Durante esse período, a organização sem fins lucrativos buscou levar saúde às pessoas em vulnerabilidade social, com um trabalho constante de conectar profissionais de saúde parceiros, que podem doar horas vagas em seus dias, para atender gratuitamente quem mais precisa.

O Instituto Horas da Vida foca sua atuação nas 12 especialidades que apresentam maior demanda no sistema único de saúde a fim de contribuir com a redução das filas em atenção primária, sendo assim um importante auxiliador do SUS. Para esse trabalho, a organização já contou o serviço gratuito de 2.500 mil voluntários, que já realizaram atendimentos ou participaram de alguma ação do instituto nestes 9 anos de existência.

“Desde sua fundação temos consciência da importância do nosso trabalho e da necessidade de ampliar o acesso à saúde básica para população carente, porém, a pandemia deixou isso ainda mais evidente. Foram inúmeros os aprendizados destes últimos anos e a ampliação de oportunidades em nossa rede colaborativa. O resultado disso foi a construção de um plano de negócio robusto, que define 5 avenidas de crescimento do Instituto Horas da Vida para os próximos anos. Pilares que vão desde a ampliação do voluntariado em saúde com as ONGs parceiras, a aproximação do setor público com soluções tecnológicas e atendimento em telemedicina para desafogar as filas da atenção primária e facilitar o diagnóstico de pacientes de baixa complexidade”, explica Rubem Ariano, CEO e fundador do Instituto Horas da Vida.

O trabalho da organização impactou vidas como de uma paciente, de cerca de 50 anos, que recebeu o diagnóstico precoce de câncer no esôfago devido ao trabalho da entidade. Em 2019, o Instituto Horas da Vida ficou responsável pelo núcleo especializado de gastroenterologia, e levou desde a consulta, endoscopia, diagnóstico e conduta de tratamento para o “triângulo da miséria” baiano. Nessa ocasião, a paciente estava totalmente assintomática e foi diagnosticada com câncer no esôfago em fase inicial e poderia apresentar um prognóstico totalmente favorável se realizasse o tratamento imediatamente. O Instituto Horas da Vida continuou acompanhando o caso dela após o mutirão. Assim, a mulher foi submetida a cirurgia para remoção do nódulo e posterior tratamento. Hoje, ela está totalmente restabelecida.

“São histórias como essas que nos fazem acreditar na importância de nosso trabalho e que salvar uma vida não tem preço”, finaliza Rubem Ariano.

Diante desse marco de assistência em saúde, o Instituto Horas da Vida também criou a campanha “365 dias de saúde para quem precisa”. O objetivo é renovar o compromisso da organização e se preparar para mais 365 dias levando saúde para quem precisa.

Acesse o site e saiba mais sobre o Horas da Vida e como participar da campanha https://www.horasdavida.org.br/quero-doar

Doe agora: https://www.paypal.com/br/fundraiser/charity/4716761   

Em 2022, além de todas as angústias vividas pós covid e no primeiro semestre as incertezas com a chegada da Ômicron, vivemos o ano eleitoral no Brasil e não há dúvidas de que o tema saúde esteve no centro dos debates das campanhas eleitorais e as mudanças necessárias para promover um sistema de saúde mais integrado, sustentável e que viabilize o acesso qualificado à população brasileira. 

O Sistema de Saúde Pública necessita, urgentemente, definir estratégias para amenizar os problemas causados pelo aumento de custos na saúde, superar a carência dos serviços públicos do setor e buscar aumento da qualidade e eficiência. 

A demanda por políticas públicas vem apresentando um incremento que exige reformulações profundas nas formas de organização e de gestão para se adaptarem aos novos desafios sociais.

Para viabilizar a implantação de iniciativas nesse sentido, faz-se necessária uma nova mentalidade que reconheça que os desafios enfrentados pelo SUS e Saúde Suplementar não podem ser resolvidos a partir de uma única vertente.

Esses desafios devem ser solucionados com o esforço conjunto de toda a sociedade. Isso buscando o desenvolvimento de uma atuação planejada e compensatória que garanta a necessária universalização do atendimento e da qualidade dos serviços prestados à população.

A transformação e realização de parcerias público-privadas e como os processos podem ser mais efetivos. As relações e as boas experiências praticadas na adoção de PPPs na gestão de saúde têm avançado e qual garantia da sustentabilidade política, econômica, científica e tecnológica do SUS que sirvam de base para os gestores públicos são alguns dos desafios e reflexões que trouxemos nos inúmeros eventos que realizamos esse ano. 

Foi preciso trazer clareza de como atuar com essa forte pressão para conter as despesas e trazer receitas e mais entrega de valor em saúde para a sociedade e claro como a gestão, áreas técnicas, assistenciais e operacionais entendem a complexidade de sermos mais resolutivos com eficiência para melhoria nos processos, tornar o setor mais sustentável e que o paciente consiga entender e experienciar essas mudanças e importância. 

Todos sabemos que a prevenção é realmente o que pode diferenciar a qualidade de vida do cidadão, das empresas e da sociedade, já existem bons exemplos bem sucedidos de boas práticas nesse sentido.

A tragédia da pandemia trouxe desigualdade e castigou cidades. Na economia, basta dizer que a inflação e os juros altos castigam os brasileiros. Foi um ano bem difícil e muitas vezes angustiante e onde encontrar forças para seguir? 

Esperança é o que precisamos manter no meio de tantas incertezas, econômicas, políticas, polêmicas, calamidades e tragédias vividas nesses últimos dois anos, precisamos acreditar na ciência nos gestores e profissionais de Saúde que tem se superado a cada dia buscando alternativas e trabalho cooperado na transformação de boas práticas no setor.

Entrega de mais valor em saúde, colocar o paciente no centro do cuidado integrado, promover a melhor experiência para o paciente e desafiar todos os dias a gestão com recursos limitados realmente não é tarefa fácil.

Mas é admirável saber que temos profissionais que se dedicam no aprimoramento, na educação continua, na ciência e aprendizado para construir pontes, fortalecer as relações entre todos os gestores, médicos, assistenciais e operacionais para o bem comum e transformar o setor de saúde mais sustentável.

Que 2023 traga novos ensinamentos e que possamos juntos construir um melhor cenário na saúde pública e privada para todos.

Tania Machado.

CEO da TM Jobs.

Recentemente participamos de um evento em Goiás onde o palco de discussão foi esse tema e trouxe várias reflexões e um diálogo maduro entre os convidados e participantes.


Trabalhar com perspectivas e estratégias de valor em saúde, apresentar soluções e inovações para melhor desfechos clínicos e resultados com foco na regionalização e integração dos setores é fundamental para trazer mais eficiência na gestão hospitalar. Precisamos agregar valor e eliminar desperdícios.
Por exemplo o tempo de permanência hospitalar é custoso para toda operação do sistema de saúde, além de correr altos riscos de segurança do paciente, tem o custo assistencial, uso excessivo de medicamentos, de exames, entre outros.


A sustentabilidade e modelos de financiamento, só são atingidos quando transformamos problemas em soluções, para aumentar a eficiência buscada por todos, somente é possível quando integramos os setores, áreas e pessoas, o SUS, Saúde Suplementar com as fontes pagadoras, Prestadores de Serviços, Medicina Diagnóstica, Telemedicina, Industria Farmacêutica, entre tantos outros agentes do setor que buscam a perspectiva de mais entrega de Valor em Saúde, mais eficiência e claro promovendo sempre o paciente no centro do cuidado.


Avançamos muito nos últimos anos, através das tecnologias, das redes assistenciais, gerenciais e do marco regulatório do Setor, mais precisamos quebrar paradigmas, ampliar a visão para a necessidade dos gestores públicos e privados se adequarem à legislação, a segurança da informação, adoção e boas práticas das tecnologias nas organizações de saúde, das Certificações e Qualidade com mais entrega de valor, no rastreamento e monitoramento dos dados da gestão de saúde populacional com mais efetividade. O Plano Brasil Saúde surgiu para fazer a diferença na gestão de saúde e a proporcionar uma vida longeva e saudável para nossos beneficiários.


Queremos usar nossa expertise em gestão de saúde pública, também no setor privado, afinal, foram mais de 10 anos atuando na gestão de saúde e o aprendizado foi enorme, nosso objetivo é ampliar a visão para o aprendizado das empresas em coletar dados de saúde dos seus colaboradores, e como é possível minimizar os afastamentos, riscos de contágios e controle de doenças crônicas. Com a gestão desses dados, é possível fortalecer os processos e a criação de programas pontuais, para atender as demandas e gerenciamento de crises com mais êxito. A otimização do investimento em saúde necessita de uma visão abrangente e holística, que considere todas as variáveis da cadeia de valor em saúde – este é o nosso DNA. O Plano incorporou a APS Atenção Primária em Saúde que é muito utilizado no setor público com êxito, um modelo de atendimento centrado nas pessoas e na efetiva Gestão de Saúde Populacional.
Entregamos qualidade de cuidado com práticas de atenção voltadas para a excelência. Somos um time de especialistas preparados para acompanhar toda a linha de cuidado coordenado com nossa rede credenciada de atendimento, parceiros que acompanham as tendências, inovações e soluções práticas para fazer a gestão da saúde. Precisa ser bom para o beneficiário e para quem faz a gestão de Saúde.

A cultura é buscar usar o médico e o sistema quando se tem um problema ou com um agravo da doença, o que propomos é antecipar os cuidados com a SAÚDE, identificando com diagnóstico seguro o estado de saúde do benificiário prevenindo doenças e agravos de doenças crônicas, desperdícios de tratamentos, medicamentos e exames e promovendo o conceito de bem estar e saúde para todos, com isso reduzimos o volume de gastos que hoje a cadeia sofre com gestão hospitalar.


Importante lembrar que eficiência precisa ser medida e acompanhada o tempo todo. O Plano Brasil Saúde é nota máxima no Monitoramento de Garantia de Atendimento, feito pela Agência Nacional de Saúde (ANS) isso é um reforço para mantermos o nosso compromisso, com nossos beneficiários e com o nosso compromisso com o setor.


Queremos crescer mais consciente de que é necessário olhar para todo o processo de gestão, melhorar o acesso, maximizar os recursos.

Paulo Bittencourt

CEO da Plano Brasil Saúde

A prescrição compreende a receita escrita de um plano terapêutico elaborado por profissionais legalmente habilitados. Profissionais médicos têm autonomia para prescrever tratamentos que acharem mais adequados para o paciente. No entanto, é necessário que o médico procure embasamento científico para tomar as decisões. Caso fira a ética da profissão, prescreva tratamentos ineficazes e cause danos à saúde do paciente, ele pode ser punido administrativa, civil e até criminalmente.


A Lei nº 14.454 de 21 de setembro de 2022 que entrou em vigor no dia da publicação, altera a Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos privados de assistência à saúde, para estabelecer critérios que permitam a cobertura de exames ou tratamentos de saúde que não estão incluídos no rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar. A lei determina que o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde será apenas a “referência básica” para a cobertura dos planos de saúde. Um tratamento fora da lista deverá ser aceito desde que cumpra uma das seguintes condições:
• tenha eficácia comprovada cientificamente;
• seja recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec); ou
• seja recomendado por pelo menos um órgão de avaliação de tecnologias em saúde com renome internacional.


A crítica que podemos fazer é que não foram determinados pela lei quais serão os padrões científicos aceitos que regerão os critérios e níveis de eficiência e efetividade nos estudos apresentados e nem quais serão as agências de avaliação de tecnologia internacionais que serão consideradas para fins de avaliação de possíveis incorporações.


Tradicionalmente incorporações via CONITEC levam em consideração o total da população brasileira quanto a análise do impacto orçamentário. Dependendo da patologia a ser considerada, o impacto orçamentário na Saúde Suplementar será diferente e ocasionalmente inexequível.


Podemos considerar que agora temos um Rol Taxativo mitigado, com algumas possibilidades de avaliação de coberturas que deverão ser consideradas, mas sem que as regras delimitadoras estejam alinhadas entre todos os atores do sistema. Esta condição atual, coloca sobre a prescrição/solicitação médica um poder ainda maior. Quando da prescrição/solicitação de procedimentos fora do ROL, o médico assistente deverá junto com o pedido, apresentar as provas cabais que deverão nortear a operadora de planos de saúde a considerar a possibilidade de cobertura do evento, que pode ser um procedimento médico, ou uma quimioterapia oral domiciliar extra rol e no caso da assistência odontológica uma cobertura para patologias orofaciais não previstas no rol odontológico.


Nesse contexto podemos considerar o papel fundamental e estratégico da auditoria médica nos processos de autorização e regulação dentro da operadora de planos de saúde. Perseguir o melhor desfecho ao melhor custo tem sido o alicerce preponderante do papel desse novo auditor. Tínhamos, há tempos atrás, uma preocupação mais contábil e fiscalizatória, mas diante desse novo contexto e cenário a ação de auditar tornou-se estratégica e desafiadora. A auditoria é uma ferramenta de gestão com vistas ao aperfeiçoamento dos sistemas de saúde


A Auditoria Médica é um ato médico e deve ser entendido como tal na sua essência com vistas a melhoria da qualidade da assistência e sustentabilidade dos sistemas de saúde. Nesse novo contexto devemos considerar o Auditor Médico um dos principais atores desses novos tempos da saúde suplementar.

Goldete Priszkulnik

Vice – presidente

SBAM – Sociedade Brasileira de Auditoria Medica

Nosso intestino é um segundo grande cérebro. O nervo vagal se ramifica pelo intestino e se conecta com o cérebro em via de duas mãos. O que ingerimos afeta as emoções e os estados emocionais afetam a digestão. Parte da relação é mediada pelo bioma intestinal – o conjunto de microrganismos que o habitam. Alguns são patógenos; outros são benéficos e necessários para o funcionamento do organismo, pois produzem elementos essenciais para a saúde.


Somos um ser complexo, um holobionte, composto por 3,8 trilhões de células que convivem e interagem com 38 trilhões de bactérias e 380 trilhões de vírus, produtos da longa evolução humana. Podemos tirar proveito da convivência com esses comensais? A pergunta tem sentido, pois o estado de saúde depende muito mais de nós mesmos do que da herança genética.


Volume e composição parecem indicar se o microbioma contribui para saúde e bem-estar ou se, ao contrário, é disparador de genes que predispõem para doenças crônicas. Um conjunto expressivo e crescente de pesquisas, na fronteira da ciência, revelam fortes associações entre a volume e composição da biota intestinal e doenças crônicas. Composições desbalanceadas (disbioses) estão associadas a estados crônicos. A disbiose pode ser na quantidade de microrganismos ou na sua composição e diversidade genética. Por exemplo, a síndrome do intestino irritável está associada ao crescimento exagerado de microrganismos no intestino delgado; menor diversidade é observada em pessoas com obesidade; variedade e composição também diferem entre pessoas que exercem atividade física de alta intensidade e as sedentárias ou entre pacientes de Covid-19 que tiveram casos graves da doença e casos leves.


Associações nada indicam sobre causalidade. As pesquisas devem prosseguir e serem intensificadas. Para nossa vida prática devemos nos indagar como podemos evitar disbioses que aumentam o risco de doenças crônicas, tema da próxima coluna.

José Cechin

Superintendente executivo do IESS

Ex-diretor executivo da FenaSaúde,

Ex-Ministro de estado da Previdência e Assistência Social.

Os casos de sucesso na gestão dos recursos da saúde evidenciam a habilidade de dar respostas rápidas com a utilização dos recursos disponíveis na cadeia de valor, da qual fazem parte diversos atores da saúde. Estes casos apontam que o planejar e o executar não são tarefas distantes, nos momentos de crise. Ambos ocorrem de forma concomitante, e requer dos gestores, atitude única numa situação de “fazejamento”.

O planejamento traz como definição intrínseca a questão do médio e longo prazo. Mas em momentos de crise ou pandemia o conceito de fazejamento” traz o imediatismo e a urgência para solucionados.  Esta postura assertiva é vista com reservas por muitos, notadamente na saúde pública, que temem que a preocupação com o curto prazo desvie as atenções das questões mais duradouras. Entretanto, há que se aceitar que o senso de urgência é uma componente inevitável da cultura empresarial, aguçada nos momentos de pandemia.

Transformar ideias em ação é o grande desafio, pois o planejamento só produz resultados quando transformado em algo concreto. O planejamento aplicado a cadeia de valor da saúde é um processo técnico e político, contudo em momentos de pandemia não existem pessoas “encarregadas somente para pensar” e outras “encarregadas para agir”, nestes momentos busca-se profissionais com perfil inovadores e resistentes ás críticas. Profissionais que necessitam estar próximo do quotidiano avaliando, retroalimentando, influenciando e melhorando a qualidade das decisões e alocando recursos escassos e emergenciais, enquanto paralelamente trabalham com os temas de médio e longo prazo.

Algumas ações dos gestores frente a uma realidade pandêmica, são facilitadoras da mudança e do planejamento estratégico, uma vez que em momentos de crise se manifesta o desconforto com práticas superadas e de baixo valor agregado. Esta tensão criativa típica das organizações da saúde, deve encontrar receptividade nos tomadores de decisão, ou ela se dissipará, levando os indivíduos provavelmente à frustração e ao isolamento.  A seguir os elementos a serem considerados numa abordagem de “Fazejamento” para a saúde populacional:

Capital humano – talentos e pessoas são fatores críticos. Formar gestores e profissionais de saúde qualificados e em abundância já é uma mudança de mentalidade significativa. Pandemias provocam profundas transformações econômicas e sociais.

Governança corporativa como parte da estratégia – a arquitetura política, social e econômica do mundo se reconfigura a partir de crises e pandemias. Nota-se que nesta reconfiguração, uma das fragilidades corporativas está na baixa capacidade de criar uma simbiose entre governança e estratégia.

Educação Sanitária – o fator singular do cidadão e seu papel em momentos de pandemia deve ser claramente endereçado com ações de Consciência Sanitária, higiene e assepsia. Em decorrência um novo modelo na infraestrutura sanitária das cidades ocorrerá.

Austeridade – o risco da convivência da abundância para poucos e escassez para muitos é crítico após crises ou pandemias. Em face de uma recessão global é inevitável o empobrecimento e o apelo aos agentes de saúde pelo uso mais eficiente dos recursos disponíveis.

Conectividade e integração – a tecnologia como instrumental de integração e comunicação serão os vetores de viabilização da saúde populacional. Educação, cidadania, consciência sanitária e “ virtual care “ são elementos reais deste novo momento da saúdo e componentes do ensaio e erro do “fazejamento”.

A responsabilidade cidadã e social – o fortalecimento das instituições após a pandemia se fara acompanhar do maior compromisso com a segurança do consumidor e dos colaboradores. Haverá uma demanda junto a liderança comprometida dos acionistas e gestores, todos atuando de forma sinérgica e complementar.

Competência cientifica e tecnológica – a busca da autossuficiência para o correto enfrentamento de crises e pandemia será uma premissa decisória. A dependência de insumos e importados se apresenta como um dos pontos de maior fragilidade no contexto da gestão da crise.

Capacidade de responder aos momentos de crise – não se trata somente do sentido de prontidão dos agentes da saúde populacional, mas também a estrutura de gestão de crise. Órgãos de controle sanitário e instituições independentes são o alicerce confiável de resposta à incerteza. O prévio conhecimento dos órgãos e instituições e dos planos de ação com seus regramentos em momentos de incerteza são essências durante as pandemias ou pós crise.

Momentos de crise não aceitam abordagens estanques e isoladas. Assim, esta abordagem não trata de fases estanques e sequenciais; pelo contrário, o entendimento atual é de que os momentos de planejamento e execução são simultâneos, caracterizando-se com aquilo que se denomina planejamento estratégico situacional.

O conceito de “Fazejamento” aqui defendido possui características circulares, não há precedência lógica entre os elementos contidos no diagnostico, na visão, na implantação ou no controle.  Aculturar os profissionais da saúde a se habituarem a este continuo aperfeiçoamento instrumentalizado no planejar e no executar, amplia consideravelmente a capacidade da equipe de diagnosticar e formular resolução.

Pode ser considerado como uma intervenção proposital e ordenada para aceleradamente modificar realidades. A distância entre planejar e executar em momentos de pandemia devem ser as menores possíveis. Demonstrar ideias é tarefa complexa, e sua concretização é permanentemente ameaçada e estimulada pela evolução do quadro de “guerra” e demais prioridades. A característica da circularidade, presente nesta abordagem, faz com que os atores aprendam com seus equívocos e acertos, tornando-se protagonistas na condução do processo de enfrentamento da crise.

Paulo Marcos Senra Souza

Contato: pmarcossouza@gmail.com

O ano é 2025, mais precisamente junho. Reunião de revisão de metas e planejamento 2026. De repente alguém começa a lembrar. Gente, em junho de 2020 fizemos pela primeira vez essa mesma reunião remotamente. Lembram? Muito acenam a cabeça, ligam seus microfones e falam que sim.

Já tínhamos traçado ainda em 2019 todo o planejamento de 2020 que iria dar excelentes resultados e tivemos que refazer tudo. Quem já estava aqui na segunda quinzena de março? Várias mãos se erguem, vários microfones se abrem quase que incrédulos porque parecia tudo tão distante e ao mesmo tempo tudo tão próximo.

Já tínhamos sinais no final de 2019 que havia uma doença diferente, um tal de Corona vírus, lá na China. Mas a China está longe! Não chega aqui não. Mas aí começam os primeiros casos vindos da Europa. De repente a COVID 19 está aqui e nossa vida corporativa e pessoal vira de ponta cabeça.

Como fazer com as reuniões do conselho e dos gerentes? Bom, deverão ser remotas. Mas nunca deu certo. Agora “vai ter que dar”. E os funcionários da administração vão trabalhar remotamente? Sim terão que trabalhar remotamente. E os que não têm computador em casa? Bem lembrado. Vamos organizar uma estação de trabalho em suas residências mandando notebook e monitor pagando a internet local para eles. OK? Isso será benefício ou entrará no salário? Veja no RH. Falem com o jurídico. Como vamos controlar acessos e produtividade? Da mesma maneira que fazíamos presencialmente. Será que vai funcionar? Funcionou.

Bom a história todos lembram. Acabamos nos acostumando a essa forma de trabalho que na época chamamos de “novo normal”. Mantivemos nossa reputação no mercado e construímos um forte laço com os colaboradores. A liderança agiu no momento certo. Todos colaboraram.

Ficou claro para a maioria dos executivos e lideranças que a necessidade nos obriga a mudar e aceitar as condições que se impõe para mantermos um negócio aberto, viável garantindo empregos e renda para os nossos funcionários e para nós mesmos. Muitos não conseguiram. Toda mudança leva a ajustes. Quando Gutemberg em 1439 inventou um sistema mecânico de tipos móveis dando início a revolução da imprensa os escribas ficaram com menos trabalho. Houve quem dissesse que os livros feitos através da imprensa não teriam a mesma qualidade, mas em contrapartida a leitura e o conhecimento tiveram uma disseminação em massa. Foi uma revolução para a sociedade da época. Toda modernidade assimilada gera um desapego da tecnologia anterior. Faz parte do progresso e da necessidade de adaptação.

Voltando a 2025. Nossas reuniões continuam remotas e com excelente produtividade. Nossos funcionários se adaptaram bem ao trabalho remoto e no domicílio. Lembro que demos até a opção de volta ao escritório e vários funcionários declinaram falando que tinham mais tempo para a família porque perdiam menos tempo em deslocamento.

Muitos cidadãos morreram devido à pandemia. Foi uma tristeza só. Ainda bem que conseguiram desenvolver um medicamento retroviral para tratar a doença e a vacina conseguiu ser desenvolvida em tempo recorde e imunizou a população que pôde assim voltar a se deslocar mais livremente pelas cidades. As famílias puderam se reencontrar e nossos idosos que não entendiam nada de tecnologia passaram a usar as mídias sociais com mais destreza. Ficamos mais atentos à limpeza das mãos e das superfícies. Aprendemos que podemos usar máscara quando estamos com sintomas de gripe, costume que os orientais já tinham e nós por aqui aprendemos a assimilar. No final tudo se acertou, se ajustou.

Goldete Priszkulnik

goldete.consulte@gmail.com

Ana Maria Malik FGV ; Ana Regina C. Vlainich IBGC ; Artur C. das Neves IBGC ;Paulo Marcos Senra Souza INLAGS

O Sistema Único de Saúde (SUS) instituído no Brasil pela Constituição de 1988 tornou-se um modelo para outros países. Entretanto, a falta de investimentos conjugada a uma governança complexa o impediram de atingir seu potencial, nos seus primeiros 30 anos.  O modelo de assistência atual é desenhado sobre a oferta de serviços disponíveis e não em função das necessidades da população. Ainda tem a visão tradicional de ser fortemente centrado em hospitais e no profissional médico e o papel do paciente ainda é passivo e reativo.

No SUS convivem dois subsistemas:  o público, com intermediação financeira por parte do Estado e o privado, que funciona com intermediação financeira privada (por vezes com subsídio público). O orçamento público, responsável pelas necessidades de saúde e assistência médica de todos os cidadãos brasileiros, é de 45% do total. Os demais 55% do orçamento são utilizados por cerca de 25% da população, beneficiária, de forma voluntária, de planos de saúde suplementar que se responsabilizam basicamente por assistência médica e uma parte de gasto direto por parte do cidadão, que compra produtos e serviços de saúde na medida da sua demanda.  Dos planos de saúde suplementar 80% são corporativos, adquiridos por empresas que, em situações econômicas adversas, tendem reduzir seus funcionários e consequentemente seus gastos com o benefício saúde, aumentando o contingente de população que depende exclusivamente do SUS ou de sua capacidade de gasto.

Tendo em vista que os recursos para a saúde sempre são insuficientes, frente a necessidades crescentes, é necessário trabalhar de maneira a otimizar a cadeia de valor do setor para todos os seus agentes, de forma a garantir a possibilidade de reinvestimentos em todos os seus elos. Em tempos de pandemia tem-se verificado superlotação das estruturas públicas, por vezes ineficientes, e a  ociosidade de unidades privadas. Seria possível pensar no compartilhamento da capacidade instalada, que beneficiaria desde as organizações da saúde, que utilizariam melhor os seus recursos, até os cidadãos que receberiam melhora no seu atendimento. O processo de compartilhamento deveria ser administrado por critérios regidos pela boa governança corporativa, com vistas a buscar o ótimo para as partes constituintes.

Cada vez mais todos os envolvidos reconhecem que o agente principal do sistema de saúde é o cidadão, seja ele o paciente, o cliente, o beneficiário. Em momento de pandemia, isso se torna inquestionável.  No entanto, o modelo tradicional da saúde ainda é fragmentado, privilegiando os prestadores, operaodoras e os fabricantes em detrimento dos usuários.  Não é tarefa fácil entender o comportamento e as necessidades do consumidor atual de saúde no Brasil. A popularização do uso de celulares e computadores, independente da classe econômico social dos cidadãos, aumentou a informação (por vezes equivocada) do que seria a qualidade dos serviços a que eles têm direito. 

Os gestores da saúde no século XXI precisam identificar e entender este novo perfil de cliente, como centro e protagonista, e implantar as mudanças necessárias principalmente na forma de se comunicar com ele. Nesse caso, nada mais natural do que reconhecer que a informação é propriedade do cidadão. Estas informações devem ser integradas e de fácil acesso, oportunas e fidedignas.  O cliente tem o direito de conhecer o serviço antes de adquiri-lo ou de utilizá-lo, o que torna inadequada a falta de transparência hoje existente, tanto no público quanto no privado, tanto nos prestadores quanto nos financiadores. 

Duas são as mudanças que aparecem como as mais próximas de ocorrer:  maior disponibilidade ao público de informações  comparativas sobre prestadores de serviços, fornecedores, distribuidores de produtos e tecnologias etc  e a utilização de serviços à distância como consultas. Mais distante, mas em futuro próximo parece estar um prontuário eletrônico integrado e conjugado, centrado no cidadão,  com bancos de dados centralizados e que, utilizando Inteligência Artificial (IA), conseguirão coordenar os fluxos das informações da cadeia de valor.

Este novo tempo abre espaço para fortes investimentos em conscientização sanitária do indivíduos (health literacy). A prioridade nos fatores de prevenção contra a doença e promoção da saúde, os chamados determinantes sociais pode vir a atenuar o foco na doença como efeito.  Com isto talvez seja possível mudar a perspectiva na  respostas à pergunta “em sua opinião, qual é o motivo mais importante para se ter plano de saúde? ”, que usualmente tem sido: “para cobrir os custos, em geral hospitalares, associados as doenças graves ou aos casos de internação decorrentes de acidentes”, o que traduzido mostra que está sendo comprado um plano de doença e não de saúde.